Brasileira é presa com cocaína na Indonésia, país onde há pena de morte para tráfico de drogas

Segurança

Advogado afirma que mulher de 19 anos foi enganada por organização criminosa de Santa Catarina.

A brasileira Manuela Vitória de Araújo Farias, de 19 anos, presa com cocaína na Ilha de Bali — uma das mais conhecidas da Indonésia —, tinha residência no Pará, onde o pai mora, e em Santa Catarina, estado onde a mãe escolheu viver após o divórcio.

De acordo com o advogado da família, Davi Lira da Silva, ela atuava como autônoma, vendendo perfumes e lingeries. Manuela também tinha admiração pelo surfe, embora não praticasse o esporte. Conforme o defensor, ela gostava de viajar e já havia visitado Portugal e outros estados brasileiros.

Na sexta-feira (27), ela foi indiciada por tráfico de drogas no país asiático, que prevê a pena de morte em caso de condenação.

O advogado alega que ela foi enganada por uma organização criminosa de Santa Catarina, que prometeu férias e aulas de surfe para ela no país asiático, e foi usada como ‘mula’ (leia mais abaixo).

“Disseram que lá ela poderia orar nos templos para pedir a cura da mãe”, complementou o defensor. Segundo Silva, a mãe dela sofreu um AVC e está internada. Moradora da Grande Florianópolis, ela não sabe da prisão da filha.

A Polícia Civil de Santa Catarina não passou detalhes sobre a suposta organização criminosa, mas informou que “todas as investigações são mantidas em sigilo”.

Manuela Vitória, de 19 anos, foi presa na Indonésia — Foto: Redes sociais/ Reprodução

Manuela Vitória, de 19 anos, foi presa na Indonésia — Foto: Redes sociais/ Reprodução

Prisão

“Ela passou no aeroporto no Brasil e no Catar. Quando foi do dia 31 [de dezembro] para o dia 1º [de janeiro], foi detida no aeroporto da Indonésia”, relatou o advogado.

“Ela foi usada como ‘mula’, termo bem comum no Brasil. Na Indonésia, usaram o termo ‘atravessadora'”, completou.

O advogado explicou que no país asiático não há nas normas uma distinção na pena para pessoas que atuem como “mulas”. Havia a expectativa de que a mulher não fosse indiciada.

Na Indonésia, há pena de morte para o tráfico de drogas. “A família está muito preocupada por causa da pena capital”, disse o advogado. No país asiático, ela é defendida por um defensor público.

Brasileira detida na Indonésia com cocaína — Foto: Arquivo de Relações Públicas da Polícia de Bali

Brasileira detida na Indonésia com cocaína — Foto: Arquivo de Relações Públicas da Polícia de Bali

Silva reitera que não tem contato direto com a mulher. A comunicação é intermediada pela Embaixada do Brasil na Indonésia. Manuela está presa em um local de detenção provisória. Com o indiciamento, deve ser transferida para um presídio.

De acordo com ele, a Embaixada orientou que um advogado local seja contratado. A família criou uma vaquinha para arcar com os custos da defesa.

O Itamaraty disse em nota que acompanha o caso: “O Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Jacarta, tem conhecimento do caso e vem prestando a assistência consular cabível à nacional, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local”.