General revela proteção do gabinete presidencial durante invasão na Câmara Legislativa

Justiça

General Gonçalves Dias depõe na CPI e relata medidas para preservar o poder palaciano.

O general Gonçalves Dias prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os eventos ocorridos em 8 de janeiro na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Durante seu testemunho, realizado nesta quinta-feira (22), ele afirmou que agiu para proteger o gabinete presidencial, referindo-se a ele como “o núcleo central do poder palaciano”, e ordenou a prisão dos invasores.

Durante a sessão da CPI dedicada a investigar as invasões ocorridas no início do ano, o general relatou que se empenhou pessoalmente em preservar o gabinete da Presidência da República. Ele enfatizou: “Preservamos todo o 4º andar, as salas do gabinete pessoal do presidente da República e bloqueamos o acesso aos anexos do Palácio. E repito: sem nenhuma gota de sangue”.

O militar, desarmado e à paisana no dia 8 de janeiro, explicou que não estava preparado para a situação que encontrou. Segundo ele, seu objetivo era retirar os manifestantes do Palácio do Planalto o mais rápido possível.

Dias também testemunhou ter visto os manifestantes descendo do Ministério da Justiça em direção ao Palácio do Planalto. Apesar de sentir vontade de reagir e confrontá-los, ele manteve o autocontrole e concentrou-se em sua missão: evitar que o núcleo central do poder palaciano, o gabinete do presidente da República localizado no 3º andar, fosse violado.

De acordo com o ex-ministro-chefe do GSI, 182 invasores foram presos nos corredores do palácio, todos por sua ordem.

Na defesa de suas ações, o general Gonçalves Dias leu um discurso no início da sessão, revelando que foi convidado em novembro de 2022 para assumir o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República no governo Lula. Ele assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2023, mas solicitou afastamento em 19 de abril, em decorrência da divulgação imprecisa e desconexa de vídeos gravados no interior do Palácio do Planalto durante a invasão.

O militar, que é general de divisão do Exército brasileiro, completou a Academia Militar das Agulhas Negras na arma da Infantaria em 1975. Entre 2003 e 2010, ele coordenou a segurança da Presidência da República e, em 2011, como general de divisão, comandou a 6ª Região Militar em Salvador, na Bahia.

O general ressaltou que o acampamento no quartel-general do Exército, em Brasília, foi “herdado” pelo governo Lula e que essa situação não deveria ter sido permitida desde o início por ser incômoda e ilegal. Ele relatou a determinação de acabar com os acampamentos.

Durante seu depoimento, o general enfatizou que, na sexta-feira, 6 de janeiro, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal realizou uma reunião com diversos órgãos e setores responsáveis pela segurança e prevenção de distúrbios na Esplanada, porém, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência não foi convidado a participar. Ele ressaltou que essa informação é pública e já foi relatada em reportagens.

No final do discurso, o general relembrou uma ligação que fez para o diretor-adjunto da Abin, Agência Brasileira de Investigação, no dia 6 de janeiro, onde trataram de questões gerais sobre a segurança no Palácio. Ele esclareceu que não discutiram nenhum esquema especial para o dia 8 de janeiro, pois não havia informações indicando que ocorreria o que aconteceu. Ele deixou o Palácio do Planalto por volta das 18h.

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Fonte: Portal R7 / UOL