Investigação aponta pagamento de propina para favorecer empresas em contratos públicos
O ex-prefeito de Lages, Antônio Ceron , enfrentou julgamento nesta quinta-feira (27) como parte dos desdobramentos da Operação Mensageiro , que investiga irregularidades em contratos de coleta de lixo e saneamento em Santa Catarina. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) aponta que Ceron teria recebido propina para beneficiário da empresa Versa Engenharia na prestação de serviços de saneamento.
A operação, deflagrada em 6 de dezembro de 2022 , já resultou na prisão de 42 pessoas , sendo 17 prefeitos em exercício . Ceron foi preso em 2 de fevereiro de 2023 , na segunda fase da investigação, mas obteve prisão domiciliar duas semanas depois. Ele responde por fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro . O julgamento teve início às 9h desta quinta-feira.
Em 21 de agosto de 2023 , a Câmara de Lages rejeitou um pedido de impeachment do ex-prefeito, apresentado pelo vereador Jair Júnior (Podemos) . Já em 27 de março de 2024 , os vereadores também votaram contra uma proposta que suspendia o salário de gestores retirados judicialmente.
Irregularidades em contratos públicos
Segundo documentos do MPSC obtidos pelo Grupo ND, a Versa Engenharia mantém contratos com a prefeitura de Lages desde 2005 , e, entre 2011 e 2022 , a empresa recebeu pelo menos R$ 93 milhões . O crescimento nos valores pagos à empresa é considerado desproporcional pela investigação.
Em 2011 , a prefeitura pagou cerca de R$ 422 mil à empresa, enquanto em 2021 , os valores subiram para R$ 15 milhões , representando um aumento de 3,559% .
Além disso, a Operação Mensageiro revelou que a quantidade de lixo recolhido em Lages subiu muito acima do crescimento populacional. Entre 2015 e 2021 , a população aumentou apenas 0,27% , mas a tonelagem de resíduos cresceu em 300 toneladas por mês (10,82%) , levantando suspeitas sobre superfaturamento.
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