Esquema investigado pela Operação Mensageiro revela códigos e apagamento de mensagens para camuflar propinas
O prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli, seu vice, Caio Tokarski, e o ex-gerente de gestão do município, Darlan Mendes, estão enfrentando sérias acusações de mascarar o pagamento de propinas com o intuito de atrapalhar o trabalho do Ministério Público (MP). Durante uma audiência no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) nesta segunda-feira (26), o MP revelou detalhes sobre o esquema investigado pela Operação Mensageiro, onde os suspeitos utilizavam códigos e apagavam mensagens de seus celulares para camuflar os pagamentos ilícitos em Tubarão.
A desembargadora Cinthia Schaefer, responsável pela Operação Mensageiro, conduziu a audiência que contou com a presença de membros do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), além de testemunhas de defesa e de acusação no processo que investiga o esquema de pagamento de propinas em troca de favorecimento em licitações para prestação de serviços públicos. O objetivo da audiência era instruir o processo, ou seja, organizar os detalhes da investigação em curso na cidade de Tubarão, localizada no Sul do Estado.
Um dos depoimentos de destaque foi o do diretor do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e ex-deputado de Santa Catarina, Kennedy Nunes, que atuou como testemunha de defesa.
Darlan Mendes da Silva, ex-gerente de gestão do município, encontra-se preso desde dezembro de 2022, mas acompanhou os depoimentos que trataram sobre seu envolvimento, assim como o do prefeito Joares Ponticelli e do vice Caio Tokarski. Segundo o Gaeco, foram encontrados cerca de US$ 15 mil, R$ 5 mil e documentos na residência de Darlan. A investigação aponta que ele era responsável por receber propinas do “mensageiro” e entregá-las ao prefeito e ao vice de Tubarão.
Durante a audiência, o Gaeco acusou Darlan de intermediar a entrega de propinas para um segundo município, Gravatal. Os oito advogados dos acusados no processo alegaram que as acusações são baseadas em delações e, portanto, não podem ser comprovadas se realmente ocorreu a entrega de propina aos agentes públicos.
Além disso, o Gaeco afirmou que o prefeito e o vice de Tubarão tentaram dificultar as investigações da Operação Mensageiro. A investigação revela que, após a prisão de Ponticelli e Tokarski, o MP descobriu que os dois apagaram conversas nos celulares com o ex-gerente. “Na análise telefônica do prefeito Joares Ponticelli, constatamos que, após a prisão de Darlan, o então prefeito excluiu a conversa com ele, mantendo as outras conversas no WhatsApp”, apontou o Gaeco. No depoimento, o investigador acrescentou que o vice-prefeito também apagou conversas com o suspeito e tentou transferir sua conta para outro aparelho telefônico.
Segundo o Gaeco, os réus utilizavam o termo “vinhote” como código para disfarçar a entrega das propinas. “No nosso entendimento, o termo pode ter camuflado o encontro para a entrega dos valores”, completou o Gaeco.
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