A desembargadora da operação Mensageiro, Cinthia Bittencourt Schaefer, expôs que o vice-prefeito de Tubarão, Caio Tokarksi, preso na segunda fase do trabalho desenvolvido pelo MP-SC, mantinha em caso um esboço de uma minuta para a abertura de uma Comissão de Parlamentar de Inquérito (CPI) que, em tese, serviria para ir contra a própria operação.
Em uma decisão judicial desta quarta-feira (8), a desembargadora da operação Mensageiro, Cinthia Bittencourt Schaefer, expôs que o vice-prefeito de Tubarão, Caio Tokarksi, preso na segunda fase do trabalho desenvolvido pelo MP-SC, mantinha em caso um esboço de uma minuta para a abertura de uma Comissão de Parlamentar de Inquérito (CPI) que, em tese, serviria para ir contra a própria operação. A informação consta no despacho assinado pela desembargadora às 12h15min desta quarta em resposta a um pedido da defesa de Tokarski para que ele seja transferido para uma sala de Estado-Maior no batalhão da PM em Tubarão. A coluna teve acesso com exclusividade a esta decisão.
O vice-prefeito estava preso na Penitenciária de Florianópolis, mas foi transferido para Penitenciária de Itajaí. No entanto, a defesa dele alegou que Tokarski deveria estar em uma sala do Estado-Maior, destinada a advogados. A desembargadora, entretanto, destacou na decisão que o vice-prefeito está licenciado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Além disso, ela ainda destaca que o acusado está em uma cela especial em Itajaí, isolado e com estrutura adequada.
Para destacar as informações obtidas pelo MP-SC contra o vice-prefeito, a desembargadora afirmou que “o denunciado possuía em sua posse em Tubarão uma minuta de esboço de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito para, em tese, ceifar as investigações e o trabalho do Ministério Público e do Poder Judiciário”. Ela ainda complementa: “Mas não só isso, no referido esboço de CPI, trabalha-se com diversos factoides que, em tese, ante as anotações existentes, buscam tão somente criar inverdades para atrapalhar a labuta das instituições públicas que estão exercendo seu mister no que, em tese, se apura ser o maior esquema de corrupção já visto em Santa Catarina”.
Para Cinthia, Tokarski “em tese, demonstrou elevada infiltração, ao ser preso com documentos sigilosos da primeira fase da Operação Mensageiro quando até então nem investigado era”. Ela também afirma que “a situação se torna ainda mais nebulosa levando em consideração que a minuta de CPI foi apreendida juntamente com memoriais defensivos de codenunciado na Operação Mensageiro, o que elenca indícios de que ao menos Caio Cesar Tokarski, além de possíveis outros investigados, estariam tentando utilizar de outro poder estatal para atrapalhar os trabalhos do Poder Judiciário, em evidente
afronta à separação de poderes”.
Não há no despacho mais detalhes sobre a CPI, se ela seria deflagrada em Tubarão ou na Alesc.
Cela atual de Tokarski
A desembargadora, que além de ser a relatora da operação Mensageiro no TJ-SC é coordenadora do grupo do Judiciário que monitora o sistema prisional em Santa Catarina, defende o espaço onde atualmente o vice-prefeito de Tubarão cumpre a prisão preventiva. Ela lembra que no mesmo local já esteve preso “um agente público idoso de 77 (setenta e sete) anos,com vários problemas de saúde, e que sua defesa (que inclusive possui o próprio filho como um dos advogados), nos vários dias em que esteve segregado, não fez bsolutamente qualquer reclamação quanto ao local e dignidade”. Neste caso, ela se refere, sem dizer nomes, a Antonio Ceron, prefeito de Lages, que passou a cumprir prisão domiciliar por conta de questões de saúde.
Cinthia escreve ainda: “Já era de meu conhecimento, até por estar no GMF, que Caio Cesar Tokarski havia sido transferido para Itajaí e, conforme trazido nos autos, diferente de diversas outras unidades prisionais no Brasil, o Complexo Penitenciário de Itajaí possui boa estrutura e dispõe de equipe própria de saúde no local, composta por farmacêutico, dentista, técnico de enfermagem, enfermeiro, psicólogo, técnico em
saúde bucal, médico clínico e psiquiatra”.
Contraponto
O advogado de Tokarski, Rodrigo Roberto da Silva, disse que desconhece o documento da minuta citado no despacho e que nunca o leu. Ele ainda disse que o processo da operação Mensageiro corre em segredo de Justiça.
As informações são de Ânderson Silva do portal NSC TOTAL